Livro - Viana do Lima porta para o mundo

Título - Viana do Lima porta para o mundo
Autor - Andreia Amorim Pereira; Sílvia Trilho; António Barros Cardoso


Edição - Câmara Municipal | Local de vendas: Biblioteca Municipal de Viana do Castelo

Nota de Abertura - José Maria Costa

"Viana do Castelo celebra o segundo aniversário da inauguração do seu Centro de Mar, sediado no Navio Hospital Gil Eannes. Após dois anos de intensa e profícua atividade, afigura-se cada mais inequívoca e essencial a missão deste ponto nevrálgico da cultura marítima de Viana: acolher e aproximar as iniciativas e entidades empenhadas em aprofundar, valorizar e promover o nosso património marítimo e náutico, nas suas mais diversas manifestações, desde o domínio ambiental, passando pela herança histórico-cultural, pelo desporto e pelo turismo, convergindo na esfera empresarial com as novas economias do mar. Entre a tradição e a inovação, a relação de Viana com o Atlântico consolida-se e renova-se.
Recordemos a génese da notável vila de Viana, como a designou D. Sebastião. Sublinhe-se que a excelente localização relativamente às vias de navegação por rio e por mar não está alheia ao lugar escolhido para a implementação da povoação do Átrio, primitivo núcleo de Viana. É inegável a importância desta privilegiada acessibilidade flúvio-marítima para a afirmação da vocação marítima de Viana, alicerçando o desenvolvimento de uma relevante comunidade piscatória e a elevação de Viana a porto comercial de dimensão transatlântica.
Viana do Lima, porta para o mundo, foi o tema escolhido para a segunda exposição de caráter mais duradouro que estará patente na sala "Hernâni Lopes", do Centro de Mar. Em tempos conturbados na geopolítica internacional, Viana ambiciona sublimar a sua identidade como cidade aberta, cidade do mundo, no quadro das relações ibéricas, do espaço europeu e da comunidade dos países lusófonos.
A barra da foz do Lima abriu-se desde finais da Idade Média como porta para o universo das relações atlânticas, especialmente intensas com os mercados do Norte da Europa e do Brasil, influenciando decisivamente o devir histórico e urbanístico da nossa cidade. Este porto de partida e chegada de mercadores definiu Viana como urbe multicultural. O comércio de tecidos, de sal, bacalhau e açúcar, entre os séculos XV e XVII, e do vinho verde, entre setecentos e oitocentos, enriqueceram a vila de Viana e reforçaram a sua importância no reino, sendo a alfândega deste porto revelante fonte de rendimento fiscal para o erário real. O dinamismo mercantil de Viana exigiu um investimento contínuo na melhoria das estruturas portuárias, no desassoreamento do leito e na sinalização das entradas da barra. Que vestígios nos permitem hoje reconstituir a evolução deste porto?
No presente, a marginal ribeirinha de Viana evidencia um novo conceito de relação da população com rio, mais orientada para o seu usufruto como espaço de lazer. No entanto, esta marginal verde oculta a imagem de uma outra Viana, onde a beira-rio contava cais, linguetas, docas, navios acostados e mercadorias em trânsito. A segurança da barra de Viana, ameaçada pelo corso e pela pirataria, suscitou a necessidade de construção de estruturas de defesa, remontando ao século XIV. A Torre da Roqueta e o Forte de Santiago da Barra são eloquentes testemunhos deste passado.
Esta viagem de cinco séculos pela Viana de escala atlântica, posicionada no cerne de relações mercantis e culturais de dimensão global, certamente endossará o nosso orgulho, a nossa identidade e a vocação empreendedora dos vianenses, relembrando-nos que somos centro e não periferia."

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